segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Centrais cercam BC contra juros e exigem retomada de investimentos


Trabalhadores nas ruas exigiram a retomada dos investimentos e valorização dos salários
 As Centrais Sindicais CUT, Força Sindical, CGTB, CTB, NCST e UGT realizaram uma grande manifestação em Brasília em frente ao Banco Central nesta terça-feira, 26, data da última reunião deste ano do Comitê de Política Monetária (Copom), para cobrar redução das taxas de juros e a retomada dos investimentos.
Nesta quarta-feira, 27, foi anunciada a alta de 0,5% na taxa Selic, elevando a taxa básica de juros para 10% ao ano, índice que nos coloca novamente como ‘número 1’ do mundo em juros altos. Em abril a taxa estava em 7,25% ao ano.
“Com os juros altos, os bancos lucram muito mais. O aumento da taxa Selic só interessa aos bancos e à especulação no mercado financeiro e não à classe trabalhadora, que é prejudicada com o aumento dos juros”, declarou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, durante a manifestação.
 “Os juros altos sangram o país todo ano em R$ 230 bilhões. É por isso que faltam recursos para investimentos, para melhor atender a população em serviços de saúde, educação, transporte e outras necessidades. Juros altos só servem para encher os cofres dos banqueiros e mais nada. Enquanto isso, a indústria está definhando, o país está parado, com a economia no chão. Juros altos não geram empregos, não põem comida na mesa do trabalhador. Não adianta ficar governando só com marketing. Para o Brasil voltar a crescer, o governo tem de reduzir os juros, aumentar os investimentos públicos, apoiar a empresa genuinamente nacional, aumentar os salários e parar com as privatizações, como a entrega de 40% do campo de Libra para o cartel multinacional do petróleo”, afirmou o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira).
O presidente da CTB, Adilson Araújo, ressaltou que “o governo reorientou sua política macroeconômica. O processo de desnacionalização faz empresas nacionais serem compradas por empresas estrangeiras e o dinheiro, que deveria ser usado aqui para saúde e educação, vai para salvar as empresas falidas lá fora”.
Após o anúncio do aumento nesta quarta, as centrais e diversas federações e sindicatos manifestaram o seu repúdio. Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhares no Ramo Financeiro, CONTRAF, denuncia que “o Copom mostra que é surdo, pois não ouviu o clamor das centrais sindicais que ontem mobilizaram 3 mil trabalhadores em frente ao Banco Central e cobraram menos juros e mais emprego”,
Para ele, “não há nenhuma justificativa plausível para elevar os juros (...) A inflação está controlada e o câmbio, estável. Também não há motivos consistentes para avaliações pessimistas sobre os rumos da economia em 2014, como alguns setores econômicos têm feito para pressionar o governo e levar vantagens. O que vemos outra vez é transferência de bilhões de reais de recursos públicos para as instituições financeiras, que detêm 25% da dívida pública, o que representa desestímulo ao crescimento, encarecimento do crédito e freio na geração de empregos e renda”, analisa.
Durante a manifestação, as centrais reafirmaram que não irão sair das ruas enquanto o governo não atender as reivindicações dos trabalhadores, que exigem a retomada do crescimento do país.
“O governo dos trabalhadores não pode penalizar os trabalhadores cada vez que esse grupo [Copom] se reunir. O salário do trabalhador já está defasado, não dá para as necessidades básicas. A Nova Central repudia veementemente o aumento dos juros”, ressalta Gonzaga Negreiros, diretor de Assuntos Parlamentares da Nova Central.
“De que adianta os sindicatos batalharem por ganhos reais com taxas de juros exorbitantes? O aumento da Selic facilita as importações de um lado e reduz as exportações de outro. Em outras palavras, gera empregos no exterior e dificulta a venda de produtos brasileiros para outros países” diz a nota do presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “Esta opção trará consequências prejudiciais ao consumo, à produção e ao emprego. A medida demonstra a falta de convicção do governo com relação ao crescimento econômico e, sobretudo, com relação ao desenvolvimento econômico. Para a Força Sindical, a política monetária precisa ser subordinada ao projeto de desenvolvimento do País, e não o contrário”, critica a nota.
Durante a mobilização de terça-feira, após o ato em frente ao BC, os manifestantes saíram em passeata até o Supremo Tribunal Federal (STF) em solidariedade ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o deputado José Genoino (PT-SP), presos por decisão do ministro Joaquim Barbosa.

Fonte: http://www.horadopovo.com.br/

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